Sendo o quinto município maior produtor de sisal no estado da Bahia, com uma produção anual de cerca de 7.700 toneladas e uma renda anual de mais de 4 milhões de reais, Várzea Nova padece pela necessidade de um plano de desenvolvimento dessa cultura que utiliza cerca de 11.000 hectares de terra e ocupa centenas de trabalhadores principalmente de famílias pobres que tem na agaveicultura sua única fonte de renda.
A produção sisaleira apresenta um problema grave e crônico que tem contado com o olhar cada vez mais conivente da classe política local. A cadeia de produção é altamente viciada, a geração de lucros está sendo retida nas mãos dos atravessadores donos de batedeiras do próprio município e de municípios vizinhos. Esses compram dos trabalhadores primários a fibra a preços irrisórios e a revendem para exportação concentrando os ganhos da cultura nas mãos de um punhado de aquinhoados.
A produção local de fibras precisa urgentemente ser aperfeiçoada. Os produtores locais precisam ser treinados para beneficiarem o produto e agregarem valor a este. Precisa-se instalar cooperativas, associações de produtores para fazerem eles mesmos o beneficiamento e a comercialização favorecendo assim uma maior distribuição de ganhos, uma melhor distribuição da renda com a conseqüente elevação do padrão de qualidade de vida dos trabalhadores.
Entretanto toda essa transformação da cadeia produtiva do sisal passa necessariamente pelas mãos do poder público que, infelizmente, tem se mostrado a décadas inerte e insensível aos problemas do proletariado sisaleiro varzeanovense. O poder público local deve acionar os governos estadual e federal com o objetivo de organizar e treinar esses produtores e criar uma infra-estrutura mínima necessária para que se libertem do jugo dos atravessadores. E não se trata de custo elevado nesse processo, mas sim de boa vontade e organização.
Estamos iniciando mais uma campanha para eleições municipais, fiquemos atentos ao modo como será tratado esse problema. Será ignorado mais uma vez e, mesmo assim, se solicitará o apoio desses humildes trabalhadores aos respectivos candidatos? Terão os planos de governo (se eles existirem) a ousadia de propor o rompimento do sistema opressor da aristocracia sisaleira local?
Todos nós temos agora o dever de avaliar esse assunto, se é que estamos preocupados com as famílias que ganham menos de meio salário mínimo por mês e aí ficamos imaginando que ginástica elas fazem para se sustentar. . . Às vezes é a ginástica da fome mesmo!!
Um comentário:
Seria interessante o debate em torno da batedeira comunitária, que poderá ser uma via de democratização do produto e ascensão financeira do mesmo.
Observando os dados mais atualizados do IBGE, Várzea nova despenca do 2° maior produtor para o 9°(estamos na faixa de 6.500 Toneladas).
Reflexão política para interpretamos as conseqüências de seguidos anos de gestões desinteressadas e despreparadas para enfrentar o problema.
É notório que varias mazelas sociais que se intensificaram sobre o município nos últimos 15 anos, dentre elas destacando-se o forte contingente migratório para Rio Verde-Go e outras cidades do Brasil.
Mais do que a dificuldade o varzeanovense perdeu a esperança de mudança e transformação do atual quadro político e social.
E alguns dos problemas estão enraizados no capitalismo, que sobre a agiotagem formal, é a maneira mais rápida e convincente de lucros exorbitante sobre produtos e serviços.
O problema existe e o momento é delicado.
Falta consciência e incentivos para que possamos ter antes de tudo um plantio ordenado, orientado, seguro, lucrativo e competitivo no mercado.
Na verdade falta alguém que enfrente o problema.
Obrigado pelo espaço e parabéns pelo mesmo.
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